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Mostrando postagens de janeiro, 2016

Entrevista com Jessé de Souza

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Entrevista concedida a Marcelo Coelho, publicada na Folha de S. Paulo, em 10.01.2016 Folha - As ciências sociais brasileiras –com influência no discurso da imprensa e das classes médias– têm insistido no conceito de "patrimonialismo": a prática de tratar bens públicos como se fossem propriedade de uns poucos personagens com acesso permanente ao poder político. Você critica esse conceito, chamando-o de "conto de fadas para adultos". Poderia explicar? Jessé Souza - O conceito de patrimonialismo foi contrabandeado de Max Weber sem a menor preocupação com a contextualização histórica que é fundamental em Weber. Acho que isso está bem fundamentado no livro, mas a "incorreção científica" não é a questão principal aqui. O patrimonialismo só sobrevive como um conceito que quer dizer alguma coisa em um contexto que pressupõe o complexo de vira-lata do brasileiro. Essa é a questão principal. É só porque se imagina, candidamente, que existam países onde não há a

Editorial de “O Globo”

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Publicado no jornal “O Globo” em 05.01.2016 Enquanto a presidente Dilma e seu ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, redigem um documento sobre o que será a política econômica pós-Levy, como noticiado pelo GLOBO no domingo, o PT se apressou a preparar um documento próprio com propostas de mudança de rumo, a fim de conduzir o país para longe de qualquer ajuste fiscal. Já entregue ao ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, o documento, com uma lista de 14 medidas, ficará nas gavetas palacianas, caso Dilma e Barbosa estejam de fato comprometidos com ações que restabeleçam o mínimo de confiança na estabilização da economia. Uma delas, a reforma da Previdência, com a fixação de idade mínima, ignorada pelo documento. O núcleo do documento resgata o sentido de intervenções já defendidas pelo Instituto Perseu Abramo, think tank da intelectualidade orgânica petista, sempre, em sua essência, na linha de mais impostos, para financiar mais gastos. Insanidade. Entre as medidas há questões já c

A OAB vista pelo advogado Ismael Moraes

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No dia 1º de janeiro de 2016 assumem os novos presidentes das seccionais estaduais da OAB, e em 1º fevereiro, o presidente do Conselho Federal, eleito por seus pares. Nos últimos três anos a gestão da OAB, tanto no Conselho Federal como aqui na Seccional do Pará, representou um ponto fora da curva na sua história de 85 anos, em que sempre foi referencial no país na defesa dos direitos humanos, sociais, dos oprimidos, ou defendendo o Estado de Direito, ora como o baluarte da República na luta contra o regime militar, ora salvaguardando as demais entidades da sociedade civil no impeachment de Collor, ou ainda encabeçando campanha contra a política econômica da era FHC. Por ser uma organização de agentes dinâmicos, a OAB consta da Constituição ocupando papel privilegiado na mesma estatura do Judiciário e do MP, e até então era vanguarda na modulação das relações sociais no Brasil, condição proporcionada pela independência financeira garantida pelas respeitáveis cifras vindas da receita

Artigo da presidente Dilma Rousseff

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Publicado em 01.01.2016, na Folha de S. Paulo O ano de 2015 chegou ao final e a virada do calendário nos faz reavaliar expectativas e planejar novas etapas e desafios. Assim, como sempre, nos traz a necessidade de refletir sobre erros e acertos de nossas decisões e atitudes. Este 2015 foi um ano muito duro. Revendo minhas responsabilidades nesse ambiente de dificuldades, vejo que nossos erros e acertos devem ser tratados com humildade e perspectiva histórica. Foi um ano no qual a necessária revisão da estratégia econômica do país coincidiu com fatores internacionais que reduziram nossa atividade produtiva: queda vertiginosa do valor de nossos principais produtos de exportação, desaceleração de economias estratégicas para o Brasil e a adaptação a um novo patamar cambial, com suas evidentes pressões inflacionárias. Tivemos também a instabilidade política que se aprofundou por uma conduta muitas vezes imatura de setores da oposição que não aceitaram o resultado das urnas e tentaram legi